Missão mundial: misericórdia além de todas as fronteiras (1885-1963)
Uma orientação internacional está no código genético da CMM. Desde o início, nossa congregação estava operando internacionalmente. Na verdade, bem antes disso: os primeiros fráteres receberam a formação no exterior, nomeadamente, no mosteiro dos Capuchinhos em Meersel-Dreef e com os Irmãos das Escolas Cristãs em Malonne, ambos na Bélgica.
Exemplos internacionais
A visão do bispo Dom Zwijsen se estendeu além das fronteiras, o que acabou por ser de grande utilidade quando trabalhava na base e na expansão das congregações das irmãs e dos fráteres. Ele seguiu o modelo que originalmente veio da França, confrarias das irmãs e irmãos de São Vicente de Paulo. Ele se certificou de que obteve a informação certa sobre os desenvolvimentos religiosos mais recentes em Flandres, especialmente no que diz respeito aos Irmãos de Caridade em Gent e aos Sacerdotes do Sagrado Coração em Louvaina. Assim, as ideias que ele concretizou em Tilburg foram além da visão local e seguiam uma tendência européia.
Casas para refugiados
Não é de admirar que Zwijsen logo fosse ao exterior para iniciar novas fundações. A primeira nova fundação da CMM ocorreu em 1851 em Maaseik (Bélgica), enquanto as Irmãs SCMM no mesmo intervalo de tempo também iniciaram comunidades na Bélgica, Inglaterra e Irlanda. A opção de ir além de suas próprias fronteiras não foi inspirada unicamente por pensamentos missionários, mas também por considerações políticas. Em qualquer lugar na Europa Ocidental, havia uma atitude bastante hostil em relação aos religiosos. Isso tornou a existência continuada da congregação incerta por algumas décadas. Uma vez que Zwijsen tinha motivos para questionar a tolerância dentro da Holanda, ele queria criar algumas casas em outros países aos quais suas irmãs e fráteres CMM em algum momento poderiam se mudar. A situação política melhorou gradualmente e as congregações das irmãs e fráteres de Zwijsen nunca tiveram que fugir da Holanda e da Bélgica. Mas foi somente no final do século 19 que a atmosfera de hostilidade e insegurança acabaria por completo.
Territórios ultramarinos
A principal razão para operar internacionalmente foi inspirada pelas necessidades das próprias pessoas. Os primeiros ramos ultramarinos dos fráteres estavam no Ocidente: nas Antilhas Holandesas e no Suriname, onde a congregação iniciou projetos educacionais em 1886 e 1902. Houve também solicitações para trabalhar em outros países, como o Brasil em 1899, no entanto, isso teria sido muito além dos recursos da então ainda bastante necessitada congregação. Não pareceu sensato, naquele momento, trabalhar com outras línguas e outros sistemas escolares. Em 1923, os primeiros missionários partiram para a Indonésia. Além disso, lá a educação católica era muito necessária, e os fráteres poderiam imediatamente aplicar seus conhecimentos.
‘Vá e ensine’
Uma nova onda de expansão internacional ocorreu durante os anos após a Segunda Guerra Mundial. Foi inspirada pela encíclica da missão Fidei Donum (o dom da fé) do Papa Pio XII, em 1957. O papa pediu aos religiosos dos países mais ricos que cooperassem com a missão da Igreja em países mais necessitados. Para tornar isso possível, eles deviam mudar as ênfases dos seus trabalhos e transferir algumas tarefas para outros. Inspirado pelo bispo de Den Bosch naquela época, Rinie Bekkers, disse: “O religioso precisa ir lá, onde a necessidade é o maior”, assim a CMM decidiu reorientar sua missão. A atualização desse compromisso começou quase que imediatamente. Em 1958, os primeiros fráteres foram para o Quênia e o Congo, em 1959 para África Sudoeste (mais tarde Namíbia) e em 1960 para o Brasil. Para apoiar essas missões, também foi aberta uma casa na Califórnia em 1963. A fim de realizar essas fundações, a CMM teve que reduzir sua participação no campo educacional na Holanda e na Bélgica, e também nas Antilhas Holandesas. Prioridade foi dada à educação entre os mais pobres; este apostolado recebeu o lema bíblico: Vá e ensine (cf. Mt 10, 7).
Inculturação
A divulgação internacional dos fráteres é o resultado de uma combinação de fatores históricos e convites recebidos pela congregação. Em países como a Indonésia e o Quênia, a congregação realmente se enraizou, contudo, em outros países, mostrou ser mais difícil. A internacionalização da congregação nem sempre foi uma história de sucesso. Os primeiros missionários tiveram que trabalhar muito e lidar com muitos contratempos para estabelecer escolas e comunidades em países estrangeiros. No início, provavelmente, foi ainda subestimado o que significava apresentar a vida religiosa para outra cultura: os fráteres perceberam que não era possível copiar exatamente o mesmo modo de viver como na terra natal. Os primeiros noviciados com jovens nesses países fracassaram. A missão exigiu muito mais preparação do que os fráteres tinham percebido; de modo a integrar-se bem na cultura local, foram necessários um vasto conhecimento do país, um bom conhecimento da língua e um sentimento de conexão com a cultura local. Levou mais de uma geração para que os fráteres finalmente encontrassem um modo de vida que se encaixasse na cultura local.
Desde os anos de 1980 a 1990, os fráteres começaram a crescer em países como a Indonésia, o Quênia e a Namíbia. Neste momento, principalmente os fráteres dessas próprias áreas vivem e trabalham lá e apenas poucos fráteres são da Holanda.