No dia 28 de maio de 2022, na Paróquia dos Sagrados Corações, Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz, Igreja de Padre Eustáquio, Belo Horizonte-MG, os fráteres CMM-região Brasil realizaram junto à comunidade da paróquia a Renovação dos Votos Religiosos de Fráter Faria Soares Mendonça Sarmento, CMM.
A celebração foi presidida pelo Pároco Padre Marcus Vinícius Maciel SSCC e concelebrada com o seu vigário Padre Silvano SSCC. Estavam presentes nesta celebração, alguns convidados de amigos e conhecidos dos fráteres e os próprios paroquianos e foi finalizada com uma simples confraternização no salão comunitário da paróquia, principalmente, entre os fráteres e os convidados.
Como de costume, antes da renovação o fráter juniorista passa por uma preparação. Assim, Fráter Faria teve sua preparação reflexiva junto com os Fráteres Dominikus e Albertus, conduzida por Fráter Henrique na Casa de Retiros Vicente de Paulo, em Igarapé-Minas Gerais. Segundo Fráter Faria, durante essa preparação ele foi induzido a refletir sobre o chamado a viver a Vida Consagrada e conseguiu perceber que a Vida Consagrada deve ser vista como uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, para segui-Lo. Esse chamado é, antes de tudo, um convite gratuito. Desse modo, aquele que recebe o convite é livre para aceitá-Lo ou não. Importante dizer que esse chamamento de seguir Jesus não é apenas uma questão individual, mas também uma convocação para fazer parte de um grupo que vive em redor de Jesus e O tem como base do seu modo de viver e ser. Por fim, afirma que entendeu que o chamado para a Vida Consagrada é um mistério de Deus, é um dom de Deus e uma modalidade de vida que está dentro da pessoa e, por isso, ela é chamada. E é por isso, disse o Fráter Faria, que estou aqui.
A celebração de renovação, desta vez, foi diferenciada, sobretudo, para os fráteres desta região devido as seguintes razões:
A celebração foi realizada na paróquia
Nos anos e nas renovações anteriores, as celebrações de renovação dos Votos Religiosos sempre foram feitas na própria comunidade dos fráteres e algumas vezes foram no Colégio Padre Eustáquio. Ao celebrar junto a paróquia e a comunidade demonstra um sentido diferenciado e pode ser interpretado como um sinal de Deus, mostrando novos rumos diante das situações desafiadoras. Como se sabe a região passou recentemente por novas transformações, sobretudo no que se refere às principais missões da região. Realisticamente, a região, atualmente, está com o número menor de fráteres, além do fato de a maioria ser estrangeiros, não tendo no momento uma vocação nativa. A reflexão que fica é: o que Deus quer nos mostrar com isso?
Todos os fráteres estavam de hábito
Como se pode ver nas fotografias, todos os fráteres estavam de hábitos nesta celebração. Os fráteres chegaram ao Brasil de hábitos e era usado na comunidade, nas escolas onde trabalhavam e outros lugares. Segundo fráter Henrique, originalmente era comum usar o hábito branco em casa, na escola e outros lugares. Os fráteres região Brasil usavam o hábito até aproximadamente 1968, sendo pouco antes já era permitido fora de casa usar o terno cinza e “cleryman”.
Disse fráter Henrique na sua homilia durante a celebração que o uso de hábito representa dois sentidos: “consagração à Deus e o sinal da pertença a uma determinada família religiosa, isto é, Congregação ou Ordem”.
Destacou também na sua fala o significado: da renovação dos votos religiosos; da Vida Religiosa Consagrada, e do ser religioso.
A renovação dos votos religiosos é um compromisso feito em total liberdade, assumido solenemente diante de Deus e da Igreja e representa a consagração a Deus.
Viver uma Vida Religiosa ou Vida Religiosa Consagrada significa assumir um estilo específico de ser cristão que se inspira diretamente na pessoa histórica de Jesus, seguindo seus exemplos e viver como Ele viveu. O Filho de Deus se encarnou e se tornou uma pessoa humana em total obediência ao Pai, que quer que todos sejam salvos e tenham vida plena. Foi inteiramente livre em relação aos bens do mundo, assumindo em plenitude a realidade humana com uma vida pobre, sem nada de próprio. Optou pela vida celibatária, movido por uma única paixão que se desdobra em dois movimentos: amor incondicional ao Pai e dedicação total aos irmãos, principalmente aos mais necessitados.
Vida Religiosa Consagrada é primordialmente um convite de Deus, portanto, não é a vontade humana (do vocacionado), mas é a vontade de Deus e o vocacionado tem a liberdade para dizer sim ou não a tal convite. Ao dizer sim, ele é chamado a “seguir de perto o Cristo”, identificar-se com Ele. Por fim, a Vida Religiosa Consagrada não se identifica com o “ministério eclesial”, o ser presbítero ou padre, mas é um estado específico que “imita” a pessoa de Jesus de Nazaré.
O ser-religioso consagrado passa, normalmente, pelas seguintes etapas de formação: postulantado, noviciado, votos temporários, votos perpétuos ou votos definitivos. Ser-religioso consagrado, como nós fráteres CMM, não exige um curso específico de filosofia ou teologia, mas sim, uma sólida formação religiosa. Um religioso nunca é concretamente “formado”, mas sempre está “em formação”, a caminho.
O projeto básico de vida consagrada possui o tripé: de experiência de Deus, pois Ele é o Absoluto na vida do consagrado; de vida em comunidade, onde se partilha o ser e o ter, realidade inspirada na vida das primeiras comunidades cristãs, descrita nos Atos dos Apóstolos; e da disponibilidade para a missão ou apostolado.
O primeiro e mais importante apostolado de um religioso é seu próprio testemunho de vida, caracterizado por coerência, que se expressa em simplicidade, desapego das coisas, disponibilidade para o serviço, vida constante em oração, intimidade com Deus, compaixão para com os mais necessitados e vulneráveis (misericórdia), sem nisso procurar prestígio social, privilégios ou honrarias.
Um religioso, de verdade, procura manter o justo equilíbrio entre aproximar-se das pessoas e manter uma prudente distância. Assim, sempre será questionado na sociedade e muitos consideram sua opção de vida algo irracional ou extravagante, às vezes mesmo entre seus familiares.
O religioso conhece, por experiência própria, sua vulnerabilidade, suas incoerências e estado de pecador. Portanto, necessita sempre do perdão divino e da reconciliação com seus irmãos na comunidade e no convívio social em geral. Religioso não se é, mas se torna ao longo dos anos, com a indispensável graça de Deus e generosa colaboração da pessoa.
Frater Rosario de Jesus Martins, Brasil