Igarapé, Brasil, 7 de Fevereiro de 2020 – No início de fevereiro de 2020, os párocos e vigários das Paróquia de Igarapé e São Joaquim de Bicas receberam uma carta de Dom José Carlos Campos, bispo de Divinópolis, na qual ele expressa seu apoio à Pastoral Carcerária do Complexo Prisional de Bicas. Frater Henrique Matos, cmm, é ativo nessa pastoral como coordenador do APC (“Apoio à Pastoral Carcerária”).
Transmitimos alguns trechos da mencionada carta, esperando que nossos leitores e leitoras, também se sintam convidados a ver no detento (ou na detenta) um irmão seu (uma irmã sua), alguém com que o próprio Cristo quis identificar-se. A referência aos prisioneiros de Bicas, de que o bispo fala mais diretamente, podemos estender a todos os detentos em qualquer parte do mundo, mais especificamente lá onde a Congregação exerce sua missão.
"Eu, o Senhor Jesus, estive preso e você veio me visitar!"
Irmãos e irmãs de Igarapé e São Joaquim de Bicas,
como Bispo de Divinópolis, preciso pensar em todos e buscar estender os cuidados pastorais a todos, sem distinção. Também aqueles que estão privados da liberdade e cumprem pena no presídio de Bicas precisam de assistência religiosa e espiritual. Ali também é território de missão! Lá estão seres humanos, independente do que tenham cometido de errado, que precisam ser ajudados no processo de mudança de comportamento e de vida. Além disso, não há conversão verdadeira e profunda sem Deus, sem uma experiência de Deus capaz de renovar a estima, a dignidade e até mesmo a índole da pessoa. Por isso, a presença da Igreja Católica no presídio quer expressar nossa proximidade, nossa caridade pastoral e nosso auxílio neste processo de renovação e de reconstrução das vidas que estão reclusas ali.
Precisamos de agentes para a Pastoral Carcerária a fim de tomarmos a sério a presença e o cuidado de Jesus na pessoa daquele que está preso. Não somos nós que decidimos onde Cristo deve estar para que possamos cuidar d’Ele. Mas é ele quem escolheu estar no preso e nos convidou a visitá-lo. Cuidado pastoral dos presos não é nem política pública nem decisão judicial: é missão, é compromisso de fé, é fidelidade ao Mestre Jesus.
Esta minha carta é para convidá-los a participar de mais uma preparação de agentes para a pastoral carcerária. Se você sente-se chamado e capaz de “comungar” Jesus neste lugar e nesta missão, informe-se sobre este curso e vá fortalecer esta pastoral tão importante e necessária, sobretudo levando em conta a grande população carcerária que está confinada no presídio. O ideal é não houvesse prisões nem crimes que exigissem prisões, mas se elas existem que sejam lugares onde não falte nada que expresse o cuidado integral com as vidas que estão lá. O cuidado e assistência religiosos são um direito deles e um dever nosso que estamos do lado de fora e professamos a fé em Jesus Cristo.
Não nos fixemos nos pecados e crimes que alguém cometeu (todos nós também os cometemos em alguma medida!), mas olhemos a irmã ou irmão presidiários como ser humano com o qual Jesus mesmo se identificou: “Estive preso e foste me visitar”. E não se trata de corrigir as palavras de Jesus, mas de acolhê-las como verdade e missão!
Dom José Carlos Campos, Bispo de Divinópolis, MG