O padroeiro
Quando a nossa congregação foi fundada, São Vicente tornou-se seu padroeiro. Isso é mais do que meramente uma devoção. De fato, nós seguimos na nossa vida religiosa o modelo vivido e proposto por ele. Vicente de Paulo zelava para que a Igreja estivesse presente no meio dos mais pobres.
Mateus 25
Vicente de Paulo pregava o evangelho nas suas ações, especificamente marcado no versículo 40 de Mateus 25: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”. Por isso falamos de preferência sobre ‘A maneira espiritual do agir de Vicente’, em vez da ‘Espiritualidade Vicentina’. Vicente não fez tudo sozinho, mas tinha o jeito de motivar as pessoas para junto com ele praticar a misericórdia. Por isso a Igreja declarava Vicente como padroeiro de todas as organizações caritativas na tradição católica.
Juntar ricos e pobres
Vicente tinha uma visão ampla e olhava mais longe do que a maioria das pessoas. Ele nasceu numa família de agricultores simples no Sul da França e optou para o sacerdócio. Como padre, ele tinha fácil acesso à nobreza e manteve contatos com a corte. Mas também se encontrava com alguns padres que trabalhavam nas favelas da cidade. Quando ele foi nomeado como pároco em Paris ele iniciou um apostolado entre os pobres. Típico para Vicente era sua familiaridade tanto com ricos quanto com os pobres, sendo capaz de criar laços entre estes grupos que eram estritamente separados na sociedade.
Círculos da caridade
Por exemplo, ele começou a organizar sistematicamente uma associação de senhoras abastadas, as Dames de la Charité, as Senhoras da Caridade, para assumir o cuidado para com os pobres e doentes na sua paróquia. Foi um modelo novo e deu certo: também em outras paróquias formaram-se círculos semelhantes. Vicente reuniu também uns poucos sacerdotes em torno de si e começou o que se tornou a Congregação da Missão: uma organização para o trabalho católico de desenvolvimento, na cidade mas particularmente na pobre zona rural.
Misericórdia organizada
Por razão de tanto trabalho a fazer e a limitação de damas chiques , Vicente começou também com um grupo de irmãs, que ele chamou Filles de La Charité, Filhas da Caridade. No fim de sua vida Vicente guiava centenas de pessoas – sacerdotes, leigos e religiosos(as) –que consagravam sua vida à caridade: nas escolas e abrigos para crianças, nas clínicas e nas casas mortuárias, nas prisões e hospitais de emergência em áreas de guerra.
Vida religiosa pelo avesso
Para viabilizar este tipo de consagração religiosa, Vicente devia renovar a vida religiosa e inventar uma outra forma do que aquela até então existente nos mosteiros e conventos. No tempo de Vicente a maioria das comunidades religiosas tinham um caráter mais fechado e eram fortemente voltadas para dentro. Isso dificultava para eles trabalharem no meio dos pobres e necessitados. Vicente abriu a forma de vida religiosa: “Nosso convento é o mundo”, ele disse. A ordem do dia mudou em suas comunidades: tinham tempos curtos de oração e encontros diários para a comunidade inteira, mas a maior parte do tempo estes homens e mulheres trabalhavam fora da sua casa religiosa, por toda a parte onde se precisavam deles(delas). Uma memorável expressão era “Deixar Deus em consideração de Sua Causa”. Algumas vezes é necessário abandonar práticas religiosas fixas, para tornar válida a resposta ao chamado de Deus.
No meio do mundo
Depois da morte de Vicente, muitas ordens e congregações adotaram a forma da vida religiosa ativa que ele tinha introduzido. Assim também a nossa congregação foi formada segundo o modelo vicentino: nossas casas são localizadas no meio do mundo, somos também religiosos ‘ativos’ e muito do nosso trabalho é sintonizado com o povo pobre que vive à margem da sociedade (a pobreza tem muitas formas). Assim, em nossa organização, nossa missão, nossa espiritualidade e em nossa visão eclesial, seguimos ainda os princípios introduzidos por São Vicente.